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Cadeia de combustíveis fósseis é chamada a compor a transição para um futuro sustentável

A recente reunião do G20 no Brasil, realizada no mês passado, colocou em evidência o papel das mudanças climáticas e do ESG (ambiental, social e governança) no cenário global. Com líderes como o presidente dos EUA, Joe Biden, e de outras 19 potências mundiais discutindo o desenvolvimento sustentável e a transição energética, o encontro pavimentou o caminho para a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém (PA), em novembro de 2025.

O contexto é propício: uma pesquisa do Instituto Datafolha revela que 97% dos brasileiros percebem as mudanças climáticas em seu cotidiano. Isso reflete como o debate ambiental extrapolou os limites governamentais e corporativos, alcançando conversas familiares e sociais. Paralelamente, os investimentos em ESG estão em ascensão, representando mais de um terço dos ativos sob gestão e com projeção de atingir US$ 53 trilhões até 2025 em todo o mundo, segundo a Bloomberg Intelligence.

No entanto, setores tradicionalmente associados a altos níveis de emissão de carbono, como o de combustíveis fósseis, ainda enfrentam desafios para incorporar práticas efetivas de sustentabilidade. É o caso do varejo de postos de combustíveis, que opera em uma das cadeias produtivas mais poluentes. Apesar de iniciativas como o RenovaBio, que visa reduzir emissões e aumentar a participação de biocombustíveis na matriz energética brasileira, o setor ainda precisa avançar significativamente.

O programa de Créditos de Descarbonização (CBIOs), implementado pelo governo, é um passo inicial. Sua meta é reduzir emissões e aumentar a participação de biocombustíveis para 18% da matriz energética até 2030. Esses esforços, contudo, devem ser acompanhados por uma transformação mais profunda em toda a cadeia produtiva, desde a distribuição até o consumo final.

Com a COP30 se aproximando, o varejo de combustíveis precisa adotar uma postura proativa. A negligência em abordar o ESG como um pilar estratégico pode deixar o setor vulnerável a pressões sociais, regulatórias e mercadológicas. As novas gerações, mais conscientes e exigentes, estão moldando a forma como as empresas operam.

O momento exige que os postos de combustíveis liderem a transformação para a sustentabilidade, promovendo a conscientização, investindo em infraestrutura verde e alinhando-se às metas globais de redução de emissões de carbono. Afinal, a mudança não é apenas uma resposta à emergência climática, mas também uma oportunidade para reimaginar o papel do setor em um mundo que exige equilíbrio entre crescimento econômico e preservação ambiental.

Com o Brasil no centro das atenções na COP30, o setor tem uma oportunidade única de mostrar que pode ser parte da solução. Ignorar esse chamado é arriscar ser deixado para trás em um mercado cada vez mais guiado por valores e práticas sustentáveis.

 

 

*Roberto James é mestre em psicologia, especialista em comportamento de consumo e em criação de estratégias de vendas. Palestrante e autor dos livros “O consumidor tem pressa: corra com ele ou corra atrás dele” e “Vivendo o Varejo Americano: uma viagem no coração do consumo”.