Segundo Geovani Fagunde, sócio da consultoria PwC Brasil, há uma migração de carros elétricos para híbridos e híbridos plug-in, em especial nos países que tinham decidido fazer a transição dos modelos a combustão direto para aqueles movidos só a bateria. “O elétrico puro teve um certo arrefecimento global e, hoje, os híbridos aparecem mais como solução intermediária e mais interessante para a descarbonização”, diz.
Outra justificativa para a retração dos elétricos na Europa e nos EUA tem a ver com a suspensão de incentivos governamentais para compra, que eram de ¤ 7 mil e US$ 7,5 mil, respectivamente. “Com a retirada de subsídios, as vendas tiveram uma queda, o que era esperado, pois eram valores que praticamente eliminavam a diferença de preços entre carros a combustão e elétricos”, diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio Lima Leite.
Leite acredita que o mercado brasileiro também deve apresentar mudanças em breve no segmento de eletrificados (soma de elétricos, híbridos plug-in e híbridos), com o lançamento de diversos híbridos nacionais com motores flex a partir de 2025. Pelo menos um deles chega ainda neste ano. A Fiat informa que já iniciou a produção do seu primeiro híbrido em Betim (MG) e que as vendas começam em novembro. Atualmente, só Toyota e Caoa Chery fabricam híbridos no País.
As vendas de híbridos no mercado nacional, segundo a PwC, aumentaram 29% até setembro, com 38,6 mil unidades. Bem próximos, os plug-in somaram 38,2 mil unidades, um crescimento de 93% no comparativo com igual período de 2023.
Ricardo Bastos, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), aposta mais na alta dos híbridos plug-in. “Esses modelos podem rodar boa parte do percurso a eletricidade, e o motor a combustão só é acionado se não for encontrado posto de recarga no caminho.” Segundo ele, há muitos projetos de infraestrutura a serem inaugurados a partir de 2025 e 2026.
Bastos também ressalta que vários lançamentos anunciados pelas montadoras tradicionais são “micro-híbridos”, com um sistema que melhora a eficiência do motor em no máximo 7%, mas não tem tração elétrica nem baterias modernas. “Estão sendo feitos para atender a normas de limites de emissão de gases poluentes, mas não são uma experiência de eletrificação.”
CUSTO DA ENERGIA.
Na Alemanha, a perda de fôlego dos elétricos tem a ver também com questões financeiras, afirma Fagunde. Segundo ele, o custo da energia é comparável ou até mesmo superior ao da gasolina. “Com o fim dos subsídios, o incentivo financeiro para o elétrico se perdeu e a decisão de compra passou a ser mais uma questão de consciência ecológica.”
Segundo a PwC, vendas cresceram entre 29% (híbridos) e 93% (híbridos plug-in)
No caso do Brasil, cita o presidente da Anfavea, houve uma recomposição do Imposto de Importação para elétricos e híbridos, e as margens ficaram um pouco mais apertadas para algumas empresas. “De uma forma geral, é uma acomodação também, porque não se imaginava a manutenção do porcentual de crescimento que vínhamos verificando (para os elétricos) e, à medida que essa base cresce, o porcentual tende a ser mais lento.” •