A diretoria da Petrobras aprovou nesta quarta-feira (6) o encerramento do processo de venda de sua subsidiária de biocombustíveis, iniciado no governo Jair Bolsonaro (PL), e busca parceiros para potencializar a atuação da companhia.
A decisão, disse a estatal, está “alinhada aos direcionadores estratégicos vigentes, que consideram a atuação da Petrobras em negócios de baixo carbono, diversificando o portfólio de forma rentável e promovendo a perenização da companhia”.
A PBio (Petrobras Biocombustível) foi fundada em 2008 e tem hoje três usinas de biodiesel: duas operacionais situadas em Candeias (BA) e em Montes Claros (MG) e uma em Quixadá (CE), que está hibernada.
A empresa registrou prejuízos nos três últimos anos, com perda acumulada de cerca de R$ 530 milhões, atribuída à queda na demanda por biodiesel —fruto de ações do governo para segurar os preços dos combustíveis em meio à escalada do petróleo após a pandemia.
Em 2024, fechou o primeiro semestre com lucro de R$ 32,7 milhões, com impactos da antecipação do cronograma de mistura obrigatória do biocombustível ao diesel de petróleo.
O recuo no processo de venda já havia sido decidido pela gestão Jean Paul Prates, que assumiu o comando da estatal após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a missão de reverter a estratégia bolsonarista de priorizar a produção de petróleo.
A atuação é biocombustíveis é um dos focos da estratégia de baixo carbono da Petrobras, que travou com o agronegócio uma disputa para incluir seu diesel renovável entre os beneficiários de programas de incentivos a biocombustíveis no país.
Esse diesel é produzido em refinarias com o uso de óleos vegetais misturados ao petróleo. As fábricas da PBio, por sua vez, produzem biodiesel pela rota tecnológica mais comum ao agronegócio.
A decisão final pela permanência no segmento é mais uma etapa na estratégia de reverter o processo de venda de ativos da companhia e manter atividades em segmentos que haviam sido abandonados pela gestão Bolsonaro.
No fim de maio, em outra decisão nesse sentido, o conselho de administração da Petrobras aprovou a retomada das obras da fábrica de fertilizantes de Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul, paralisadas desde 2015, após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
O projeto será incluído no novo plano de negócios da empresa, que será divulgado em novembro. A conclusão das obras custará R$ 3,5 bilhões, disse a estatal. Antes de sua paralisação, já haviam consumido R$ 3,9 bilhões.
Em nota distribuída na época, a Petrobras afirmou que “a decisão é fundamentada em criteriosa reavaliação do projeto que, à luz das premissas do Plano Estratégico 2024-2028, teve sua atratividade econômica confirmada para essa fase nos diferentes cenários previstos”.