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Estudo do IBP indica tecnologias para descarbonizar indústria de petróleo e gás

Em sintonia com a agenda da descarbonização, a indústria de petróleo e gás vem ampliando os esforços para diversificar seu portfólio e incorporar tecnologias de baixo carbono. Cinco áreas estratégicas são o alvo da indústria para avançar na transição energética e se adaptar à nova realidade:eólicas offshore; alteração de processos produtivos, de monitoramento e de máquinas (gêmeos digitais, eletrificação de plataformas offshore); captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS); e retenção e atração de talentos.
Esses são os principais sinais identificados no estudo ‘Radar de Tendências em Descarbonização para a Indústria de Óleo e Gás‘, lançado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), numa parceria do seu hub de inovação, o iUP, e da sua Gerência de Análises Técnicas com a BIP Consulting. “São dados e informações que podem ser usados para orientar de forma estratégia as ações em pesquisa, desenvolvimento e inovação do setor no Brasil”, explicou Roberto Ardenghy, presidente do IBP.
A partir destas áreas, o estudo estrutura um radar tecnológico, por meio da análise de 48 mil artigos científicos publicados globalmente, além de 180 mil patentes e soluções comerciais (startups e empresas) voltados para a identificação de sinais e geração de tendências que impulsionam o setor em inovação, sustentabilidade ambiental e transição energética. “O volume de artigos científicos e patentes relacionadas às tecnologias de descarbonização no setor oferece uma perspectiva valiosa sobre o nível de maturidade e a atualidade dessas tecnologias”, disse Isabella Costa, gerente de Análises Técnicas do IBP.
Brasil: destaque em Eletrificação de Plataformas Offshore
A análise dos artigos científicos apontou que o Brasil se destaca na temática de Eletrificação de Plataformas Offshore. É o quarto país que mais publica sobre o tema no mundo. Já China e Estados Unidos lideram o ranking de publicações em praticamente todas as temáticas analisadas, seguidos por Alemanha e Reino Unido, refletindo forte capacidade de inovação e desenvolvimento tecnológico em descarbonização desses países.
O Brasil ainda contribui com outras temáticas, como CCUS, Turbina a Gás de Ciclo Combinado com Captura de Carbono, Minimização de Queima de Gás, Energia Eólica Offshore e Gêmeos Digitais. O país também tem parceria com os EUA em virtude da produção de artigos em Turbina a Gás de Ciclo Combinado com Captura de Carbono.
Em termos de produção de patentes, o Brasil apresenta destaque em diversas áreas tecnológicas relevantes para a transição energética e a indústria 4.0. O país se sobressai especialmente nas áreas de Mitigação de Vazamento de Metano e Turbinas a Gás, com mais de 50 patentes depositadas, além de importantes contribuições em Captura, Utilização e Armazenamento de Carbono (CCUS) e Gêmeos Digitais, com mais de 20 patentes depositadas em cada uma dessas temáticas.
Nesse contexto, o estudo aponta para o potencial de desenvolvimento do setor na aplicação de CCUS na cadeia de valor, desde a melhoria da recuperação de hidrocarbonetos com injeção de carbono em poços (levando ao armazenamento do carbono como consequência do processo) até a abordagem da captura de carbono como instrumento da comercialização de créditos de carbono pelo setor.
Indica também sinergia entre eficiência energética e descarbonização, com tendência de desenvolvimento de processos industriais cada vez mais eficientes do ponto de vista energético combinados com CCUS (remoção dos GEE remanescentes, gerados de forma inerente às operações); e a P&D voltada ao monitoramento, detecção e mitigação de vazamentos de metano, com destaque para as técnicas de detecção de vazamentos (sensores químicos e ópticos, veículos aéreos, dispositivos infravermelhos e uso de robótica), assim como o desenvolvimento de operações corretivas.
Os esforços em P&D nas iniciativas de Eletrificação de Plataformas Offshore, utilizando como fonte a energia renovável produzida por turbinas eólicas offshore, também são citados no estudo, mas, como um desafio complexo em termos de viabilidade econômica e escalonamento de tecnologias. E a multifuncionalidade da aplicação de gêmeos digitais ao longo da cadeia de valor é destacada como ferramenta poderosa na tomada de decisões sobre os ativos do setor, abrangendo diversos campos de interesse, como gerenciamento de reservatórios, simulação de operações (perfuração de enchimento de poços, furos de sondagem, inspeção de poços e escoamento dos fluidos no interior dos dutos), cybersegurança, shutdown de plantas, manutenção (análise e detecção de falhas) e monitoramento de ativos.
Inserção de tecnologias no mercado
O estudo avaliou também a inserção de tecnologias no mercado, transformadas em produtos e serviços. “Essa análise é importante, pois aponta o nível do avanço das soluções implementadas no processo de descarbonização”, explicou Melissa Fernandez, Gerente de Tecnologia e Inovação do IBP e gestora do iUP, hub de inovação do Instituto.
Nesse sentido, foi realizado um levantamento de alcance global abrangendo perfil, região, cadeia de valor e o detalhamento das soluções comerciais de 53 startups e empresas mapeadas nas temáticas eficiência operacional e gêmeos digitais. O estudo concluiu que o Brasil possui 11 startups atuantes em todas as temáticas analisadas, indicando que o país tem cada vez mais adotado uma postura empreendedora e acompanhado o dinamismo do ecossistema global de inovação em diversas tendências tecnológicas. Os EUA lideram o ranking de soluções comerciais (28), seguido de China (6), Japão, Singapura, Israel, Reino Unido e Itália.