BP (British Petroleum) fecha acordo para comprar a participação de 50% da trading de grãos Bunge na joint venture brasileira de açúcar e etanol BP Bunge Bioenergia – Phil Noble/REUTERS
A BP (British Petroleum) fechou acordo para comprar a participação de 50% da trading de grãos Bunge na joint venture brasileira de açúcar e etanol BP Bunge Bioenergia por US$ 1,4 bilhão, em uma aposta na crescente demanda por biocombustíveis de baixo carbono.
Após a conclusão do negócio, prevista para o final de 2024, a BP assumirá o controle total da Bioenergia, que tem capacidade de produção de cerca de 50 mil barris por dia de etanol equivalente a partir da cana-de-açúcar.
A BP consolidará a dívida e as obrigações de arrendamento da Bioenergia de US$ 1,2 bilhão, disse a empresa, o que significa que pagará um total de US$ 800 milhões à Bunge, segundo cálculos da Reuters.
A aquisição ocorre em meio à crescente preocupação dos investidores com a estratégia da BP, depois que a S&P Global, no início deste mês, revisou para baixo a perspectiva de crédito da empresa, citando uma redução da dívida mais lenta do que o esperado.
A BP disse que a aquisição deverá atingir o retorno para bioenergia de mais de 15% e estará dentro de sua estrutura de gastos anuais de cerca de US$ 16 bilhões.
A BP Bunge Bioenergia é uma das maiores operações de açúcar e etanol do Brasil. Tem 11 usinas em cinco estados, com capacidade para processar 32 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra. Além do etanol, produz mais de 1 milhão de toneladas de açúcar por ano.
A Bunge vem tentando vender seus ativos de açúcar e etanol no Brasil há alguns anos. Manteve conversas com possíveis compradores de sua participação na empresa em 2022, sem acordo.
Mais tarde, foi indicado que a BP provavelmente exerceria o seu direito de preferência sobre qualquer oferta externa e compraria a parte da Bunge.
As ações da Bunge subiam cerca de 1% na quinta-feira, enquanto a BP subia 0,8%.
O etanol tem sido um negócio difícil no Brasil, com as empresas quase não ganhando dinheiro, disse Willian Orzari, sócio da consultoria FG/A.
Ele acredita que a BP está olhando no longo prazo, possivelmente procurando garantir o fornecimento de biocombustíveis de baixo carbono para produzir combustível de aviação sustentável (SAF).
O etanol à base de cana-de-açúcar tem baixa pegada de carbono. Diversas empresas do país obtiveram certificação para fornecer SAF.
A BP também limitará os planos para o desenvolvimento de novos projetos de biocombustíveis. A empresa está interrompendo dois projetos de biocombustíveis em sua refinaria de Lingen, na Alemanha, e em sua refinaria de Cherry Point, no Estado norte-americano de Washington. A companhia também está avaliando outros três projetos.
“Isto está totalmente em linha com as prioridades da BP de direcionar o foco para o negócio e aumentar os retornos para os acionistas”, afirmou Emma Delaney, diretora de clientes e produtos da BP.