A Petróleo Brasileiro (Petrobras) não deixou de comparecer à nona edição do Congresso Internacional de Lubrificantes e Graxas (LUBESCON), se unindo aos participantes para discutir estratégias nas refinarias no Brasil e o futuro dos óleos básicos. Como é sabido, assuntos técnicos requerem especialistas, e a Petrobras enviou três para debater: Rodrigo Abramof, Gerente Executivo de Tecnologia de Refino; Carlos Antonio Machado, Gerente de Desenvolvimento de Refino, e Ulysses Donadel, Gerente de Produtos Especiais.
Foi Abramof quem primeiro assumiu a palavra, e contou que a produção da Petrobras não acompanhou a curva ascendente do mercado de lubrificantes por conta da necessidade de petróleo importado. “A nossa Refinaria Duque de Caxias (Reduc), que é a principal produtora, sempre dependeu dos petróleos lá do Golfo Pérsico, que são de enxofre alto. E na produção de óleo bases você também produz combustível. Então, essa característica de produção sempre inibiu a Petrobras de fazer grandes investimentos para aumentar a sua produção de lubrificantes”, explica.
A estratégia para diminuir um pouco a dependência do petróleo de fora, que basicamente vem da Arábia Saudita e do Iraque, é utilizar os petróleos das Guianas, da margem equatorial da Guiana. “Isso tem melhorado nossas condições de produção”, conta Abramof.
O Gerente de Desenvolvimento de Refino, Carlos Machado, trouxe um panorama detalhado do Complexo de Energias Boaventura, uma unidade voltada para a diversificação energética e para a sustentabilidade. “Na transição energética da Petrobras, a gente tem trocado equipamentos diversos, pois há muitos equipamentos movidos com outras formas de energia. Então, o Boaventura é a ideia do futuro da Petrobras de mudança de grade”, afirma.
Qual o motivo de criar um novo complexo em vez de usar os existentes? Machado explica que, além de terem uma arquitetura que data dos anos 1950, 60 e 70, as refinarias de produção de óleos básicos focam especialmente na fabricação de óleos do Grupo 1, que são originados a partir de uma rota solvente.
Por sua vez, o Boaventura vai trabalhar sobre uma rota de hidrorrefino, em que as correntes dos compostos são transformadas. “Isso vai trazer uma flexibilidade de produção enorme e a possibilidade de a gente trocar o petróleo importado pelo petróleo nacional”, enfatiza ele.
Os dados de produção nas refinarias da Petrobras se tornaram objeto de debate no Congresso. Ulysses Donadel foi quem deu continuidade no painel, e começou trazendo importantes números à tona. “A Refinaria Reduc produziu, no ano passado, 500 mil metros cúbicos de óleos e parafinas.”
Donadel também deu impulso aos participantes para que busquem criar ou estreitar relações comerciais com a Petrobras, pois “a Petrobras está lá para vender”. “Muitas pessoas aqui presentes não são clientes da Petrobras por acharem que é um bicho de sete cabeças, quando na verdade há abertura”, enfatiza.