A recarga dos veículos eletrificados está entrando na era da inteligência. A Volvo estreou, recentemente, a tecnologia Autocharge, que faz a leitura imediata da “identidade” dos carros da marca no momento de sua conexão com os equipamentos DC (de carga rápida).
O sistema é simples. O usuário ativa o Autocharge no aplicativo Volvo Car Eletropostos e, antes de iniciar a primeira recarga, faz um cadastro seguindo o passo a passo indicado no app. A partir da segunda conexão, a tecnologia funciona automaticamente, dispensando a necessidade de inserir as informações do automóvel, o que traz mais agilidade e economia de tempo na operação.
“O Autocharge é uma espécie de biometria facial do automóvel”, afirma Guilherme Galhardo, head de eletrificação e digital da Volvo Brasil. “O equipamento reconhece de forma instantânea todos os dados armazenados e inicia a recarga. Nosso principal objetivo é facilitar a vida do consumidor.”
Os estudos para implantar a tecnologia começaram no ano passado, juntamente com a WEG e a Enel, empresas responsáveis pelos equipamentos usados pela Volvo. “O que levou mais tempo foram os ajustes para o fornecimento de energia em vários Estados, que envolve 40 concessionárias com normativas diferentes. Em algumas localidades, às vezes nem chega energia suficiente”, destaca.
INVESTIMENTO. Por enquanto, o Autocharge está disponível exclusivamente aos modelos da Volvo nos 145 conectores de carga rápida, instalados em 75 eletropostos da marca espalhados em todas as regiões do Brasil (32 na Sudeste, 20 na Nordeste, 11 na Centro-Oeste, nove na Sul e três na Norte). Eles já realizaram cerca de 196 mil recargas em um total de 3,9 milhões de kWh consumidos.
Segundo a Volvo, tamanha estrutura – que exigiu R$ 70 milhões de investimentos – cobre 31 mil quilômetros de corredores e estradas do País. É possível, por exemplo, viajar de Pelotas (RS) a Jericoacoara (CE) se valendo da rede da Volvo em um percurso de mais de 5 mil quilômetros. “No segundo momento, o sistema será oferecido para carros elétricos de outras marcas”, antecipa.
A novidade não provocou aumento nas tarifas de recarga para o consumidor. O preço continua R$ 4 por quilowatthora. “Os custos são altos para manter toda a infraestrutura. Ainda assim, não os repassamos para o cliente”, garante.
O Autocharger se junta a outras funcionalidades presentes no aplicativo, como a localização de todos os pontos de recarga, a potência em kW dos carregadores e a possibilidade de reservar os conectores de carga rápida.
BYD E TUPI. A plataforma também agrega praticidades como consultar os horários de maior movimento das estações e o nível de carga da bateria de outro veículo conectado. “Se antes de chegar ao eletroposto o motorista observar que o carro em processo de carregamento já está com 90% da bateria, então saberá que a operação termina
Novidade não impactou o valor do serviço de recarga para o consumidor, que foi mantido em R$ 4 por kWh
rá em poucos minutos e não precisará esperar sua vez por muito tempo. Se, por outro lado, estiver 20%, ele pode seguir viagem e procurar outro ponto de recarga”, explica Galhardo.
Para o executivo, a infraestrutura de recarga ainda apresenta um campo vasto de desenvolvimento de novas soluções. A próxima cartada da Volvo deverá ser um sistema de armazenamento de energia, capaz de entregar elevadas potências de abastecimento dos veículos elétricos. Sem entrar em detalhes, Galhardo limitase a dizer: “Isso ajudará ainda mais o dono de carro elétrico”.
A Volvo não foi pioneira na oferta da tecnologia da “biometria” do automóvel. Em parceria com a BYD, a Tupi Mobilidade lançou o AutoCharger, em junho passado. O sistema é semelhante. Para usá-lo, é preciso conectar o veículo ao carregador e abrir o aplicativo BYD Recharge para fazer a validação da operação.
Em seguida, o dispositivo – exclusivo aos modelos da fabricante chinesa – fará a leitura das informações do carro e enviará uma notificação ao cliente pelo app, liberando a utilização do AutoCharger. A recarga seguinte começará automaticamente apenas conectando o carro à estação, sem a obrigatoriedade de recorrer ao aplicativo. •