Painel discute a ação dos agentes do mercado em prol da qualidade dos lubrificantes

“Estratégia e integração não são nada sem ação efetiva”, ressaltou Irineu Galeski,  mediador do Painel sobre a Qualidade dos Lubrificantes e seus impactos, durante o primeiro dia do IX Congresso Internacional de Lubrificantes e Grazas, promovido pela Associação dos Produtores e Importadores de Lubrificantes (SIMEPETRO),  em Campinas, entre os dias 3 e 4 de setembro.

 

Nilson Morsch, presidente do SIMEPETRO, demonstrou otimismo ao falar sobre a união de vários agentes para debater a qualidade no mercado. “Tudo o que tem sido feito aqui, bem como todos os atores presentes no evento, corroboram para a mensagem central deste painel: a qualidade se eleva com a atuação em conjunto.  Acredito que estamos conseguindo fazer todos aqui, público, entidades e empresas, se conectarem no combate ao mal da falta de qualidade no setor de lubrificantes, que está afetando o nosso negócio.”

 

Para desenvolver o tema, Maristela Lopes, Coordenadora de Petróleo, Lubrificantes e Produtos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), assumiu a palavra para falar do Programa de Monitoramento de Lubrificantes (PML), iniciativa que começou em 2006 e que alavancou o mercado por mostrar onde a fiscalização deveria ser feita e promovendo revisão das regulações.

 

“Em 2006, o primeiro ano oficial do PML, logo após o Projeto Piloto,a gente verificou que tinha uma defasagem muito grande daquilo que as empresas registraram na ANP com o que estávamos vendo no mercado”, relembra Maristela. “Antes de buscar a fraude, a gente buscou o entendimento. Abrimos uma via de comunicação com o mercado. Então, a gente teve reuniões com todos os agentes do setor, o que levou a uma revisão da Resolução de registro.”

 

Segundo ela, aquela primeira revisão obrigou o mercado a se mexer. Na época, foi registrado no primeiro boletim do PML um índice de não conformidade em aditivação de 30,7%. No segundo boletim do ano de 2025, esse índice despencou para 4,5%. “Isso nos permite dizer que houve uma grande melhora no mercado”, diz.

 

A presença de anúncios de produtos clandestinos na Internet fez com que a fiscalização se expandisse para a rede. Para tornar ainda mais forte a atuação, a ANP firmou um acordo com o Mercado Livre para derrubar essas propagandas. “No relatório que estamos para fechar, a já tivemos 1.640 anúncios derrubados de lubrificantes e metanol”, conclui.

 

Apesar da melhora exposta por Maristela, o gerente de lubrificantes no Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Giancarlo Passalacqua, apresentou uma visão provocatória sobre o tema. “Desde o início do evento (9h) até o começo desse painel (15h), 60 mil litros de produtos não conformes foram comercializados. 10 mil litros por hora, mais ou menos. De janeiro de 2023 até dezembro de 2024, foram roubados 1 milhão e 200 mil litros de óleos lubrificantes só no Grande Rio.”

Para ele, ainda há muito a ser feito no setor, o que não diminui as ações já realizadas. “Isso serve como uma provocação para nós, mas como um elogio à ANP também, porque está claro que o PML é um programa vencedor.”

 

Cooperação e integração

 

Uma nova rodada de debate foi aberta, e dessa vez o tema foi a cooperação e integração de entidades em prol da qualidade no setor. Carlo Rodrigo Faccio, diretor do ICL, explicou como o Instituto tem atuado há cinco anos como uma sentinela do setor de combustíveis e lubrificantes junto aos órgãos públicos.

 

Essa atuação colaborativa alcança até mesmo instituições de segurança, com sistema de mapeamento de calor permitindo que produtos roubados sejam localizados e recuperados. “Não é simples fiscalizar o lubrificante.  Existe um mercado paralelo que tem crescido continuamente, e é isso que a gente está combatendo”, diz Faccio.

 

Ele completa afirmando que a integração que as instituições têm promovido é crucial para que se tenha novos desenvolvimentos e novas iniciativas para coibir aquilo que nunca para de crescer, que é o crime organizado.

 

Laércio Kalauskas, Diretor Estratégico do Sindicato Interestadual do Comércio de Lubrificantes (Sindilub), defende a necessidade de envolver a indústria automobilística na discussão, já que a circulação de produtos falsificados e de baixa qualidade afeta diretamente os veículos que saem das fábricas para as ruas.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

CATEGORIAS