“Lubrificantes seguirão valiosos para motores a combustão por muito tempo”, diz especialista

O tema da circularidade foi amplamente desenvolvido no IX Congresso Internacional de Lubrificantes e Graxas (LUBESCON), com Everton Lopes da Silva, Diretor de Tecnologia para a América do Sul da Mahle, que falou sobre a descarbonização no setor automotivo, com foco na contribuição dos óleos básicos.

Lopes argumentou que a indústria de refino de óleos básicos já está contribuindo para a sustentabilidade global, com parcerias e o lançamento de produtos de menor pegada de carbono. Ele mencionou a tendência de programas de ciclo fechado, nos quais o óleo lubrificante usado é coletado e refinado para ser reutilizado na produção de novos lubrificantes.

Everton Lopes da Silva
Diretor de Tecnologia para América do Sul – Mahle

O diretor reforçou que, apesar da sobreoferta de óleos básicos globais, há uma demanda crescente por produtos mais sustentáveis e desmistificou a ideia de que o setor de transporte é o principal vilão da descarbonização. Ele apresentou dados mostrando que as emissões de carbono são lideradas pela China e que, no Brasil, o transporte representa apenas 14% das emissões, sendo o setor de energia o maior emissor global. Além disso, 92% das emissões do transporte no Brasil vêm do setor rodoviário.

O executivo apontou um cenário e mobilidade diversificado, com diferentes tecnologias para diferentes aplicações:

  • Aplicações urbanas: veículos elétricos, bicicletas elétricas e scooters.
  • Maior autonomia: motores a combustão interna ou células de combustível a hidrogênio, já que a autonomia dos veículos elétricos ainda é um fator limitante.
  • Aplicações pesadas: o motor a combustão interna, usando combustíveis renováveis ou hidrogênio, é a tecnologia mais promissora.

De acordo com a Mahle, em 2035, o Brasil terá apenas 15% de suas vendas de veículos leves concentradas em modelos elétricos à bateria. O cenário mais provável é que 30% sejam híbridos e 55% ainda usem motores a combustão interna. Lopes concluiu que, embora o mercado de veículos elétricos e híbridos no Brasil seja um nicho importante em crescimento, o setor de lubrificantes e refino continuará tendo um valor significativo para os motores a combustão interna que dominarão o mercado por um longo tempo.

Andreza Frasson Balielo
Gerente Comercial na Lwart Soluções Ambientais

A Lwart, empresa de soluções ambientais, também esteve no Congresso, para falar sobre o mercado de óleos básicos rerrefinados. Andreza Frasson, Gerente Comercial, apresentou a visão da companhia sobre o assunto e abordou ainda a tendência da demanda no Brasil e no mundo.

Segundo Andreza, as projeções indicam um excesso de oferta global, principalmente de óleos básicos do Grupo 2, devido aos grandes investimentos em novas capacidades, que não acompanham o crescimento da demanda. A Lwart planeja contribuir para essa capacidade com sua nova planta de Grupo 2.

Mais do que um agente do setor, o Brasil se destaca por ser o terceiro maior produtor de óleos básicos rerrefinados do mundo. “A atividade representa quase 40% da produção nacional de óleos básicos, com 13 rerrefinarias em operação. Nosso país possui um arcabouço legal robusto e é considerado uma referência mundial em estrutura de coleta de óleo usado, cobrindo 78% das cidades”, enfatiza a gerente. 

Atuação da ILMA em prol do mercado de lubrificantes norte-americano

Nos Estados Unidos, Canadá e México, quem representa o segmento é a ILMA (Independent Lubricant Manufacturers Association) associação de fabricantes de lubrificantes com sede em Alexandria, Virgínia, EUA, que há mais de 77 anos atua para o fortalecimento do segmento no continente. 

“A associação é crucial para a indústria, da mesma forma que os lubrificantes são essenciais para o funcionamento da economia”, afirma Holly Alfano, CEO da ILMA, “A economia não existe sem lubrificantes. Para os carros andarem, as máquinas operarem e a população se mover, é preciso lubrificante”.

Holly não pôde comparecer ao LUBESCON por motivos de saúde, mas gravou uma saudação aos participantes do evento e falou um pouco sobre a missão da ILMA. “Nosso principal papel é manter os membros integrados e proporcionar informações de negócios, oportunidades de educação e redefinição. “Somos a voz das fabricantes de lubrificantes da América do Norte”, destacou.

Um dos trabalhos de maior destaque da Associação ocorreu durante a pandemia de COVID-19, quando a entidade buscou garantir que a indústria fosse reconhecida como um negócio essencial, permitindo que as operações continuassem. 

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