Empresas investigadas dominam 3% do mercado de combustíveis

As empresas sob investigação na operação “Carbono Oculto”, deflagrada na semana passada, tinham cerca de 3% de participação no mercado brasileiro de combustíveis, apontam estimativas do BTG Pactual com base em dados de 2024.

A operação é considerada a maior ofensiva do país até hoje contra a infiltração do crime organizado na economia formal e buscou desmantelar a cadeia completa: a importação, adulteração de produtos, sonegação de impostos e as ligações com o mercado financeiro.

A participação das companhias investigadas era maior no etanol: ao todo, tinham uma fatia de quase 10% do mercado.

No diesel, a participação era de 1,1%, enquanto na gasolina era de 2,6%.

A retirada dessas empresas do mercado abre, assim, espaço para uma retomada das grandes companhias, que vinham perdendo espaço justamente pela dificuldade de competir com os esquemas fraudulentos.

Vibra, Raízen e Ipiranga — as três maiores distribuidoras de combustíveis do país — perderam mercado em 2024, cenário que se manteve no primeiro semestre de 2025.

A fatia de mercado de distribuidoras independentes no volume total comercializado de combustíveis saltou de aproximadamente 33% há cerca de três anos para 43% em abril de 2025, conforme mostrou a agência eixos.

Especialistas já vinham apontando que parte dessa perda de mercado estava ligada justamente às práticas ilegais que o governo agora busca combater, como o “devedor contumaz”.

Como o segmento trabalha com margens muito apertadas, as distorções têm grande impacto sobre a rentabilidade.

O BTG aponta que a operação é um “momento decisivo para o setor de downstream” no Brasil, pois as fraudes vinham distorcendo a concorrência e comprimindo ainda mais as margens.

Ao desmantelar esquemas que passavam pelas importações, refino, distribuição, redes de varejo e ocultação financeira, as autoridades estão lidando diretamente com distorções estruturais que há muito corroem a concorrência e as receitas tributárias”, afirmam os analistas Luiz Carvalho e Gustavo Cunha.

Mas os analistas ressaltam que combater os crimes nesse setor vai ser um trabalho de longo prazo: “Embora os desafios de fiscalização persistam, essa operação pode acelerar a formalização e desbloquear ganhos estruturais de margem mais cedo do que o previsto”, acrescentam.

O Instituto Combustível Legal (ICL), que representa as grandes empresas, pediu que o governo continue a buscar regulamentar as fintechs: “Brechas no sistema financeiro digital têm sido exploradas por organizações criminosas para a lavagem de dinheiro, corrupção e sonegação fiscal em escala bilionária”, afirmou em nota.

 

Fonte: Eixos
Crédito Imagem: Divulgação Unica

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