Dois em cada 10 litros de gasolina e etanol vendidos em SP passaram por investigadas

Dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) indicam que cerca de dois a cada dez litros de gasolina e etanol hidratado vendidos em São Paulo em 2024 passaram por distribuidoras investigadas na megaoperação contra a presença do PCC nos setores financeiro e de combustíveis.

A decisão que autorizou a operação cita 16 empresas. Segundo o Painel do Mercado de Combustíveis Líquidos da ANP, elas foram responsáveis por 18% das vendas de gasolina e 20% das vendas de etanol no mercado paulista no ano passado.

As investigações apontam que a organização cometeu crimes como adulteração de combustíveis e sonegação fiscal. Os lucros teriam sido lavados em aplicações em fundos de investimentos, por meio de estruturas sofisticadas que dificultavam a identificação dos proprietários.

A atuação no setor de etanol envolveu o controle completo da cadeia do combustível, diz a força-tarefa. Além de distribuidoras e postos, o esquema comandado por Mohamad Houssein Mourad adquiriu usinas de cana-de-açúcar, que foram registradas em nomes de laranjas.

“A investigação aponta que a organização criminosa multiplica seus postos de combustíveis, os quais são ‘regados por combustíveis fornecidos pelas usinas sucroalcooleiras e distribuidoras pertencentes ao grupo'”, afirma a decisão judicial que autorizou a operação.

Dona da maior fatia do mercado paulista entre as distribuidoras do grupo, a Duvale, por exemplo, “é apontada como a maior destinatária de etanol hidratado das Usinas Itajobi e Carolo (Grupo Itajobi) após a assunção do grupo de Mohamad”, diz a força-tarefa.

A organização atuava também no transporte do combustível, verticalizando suas operações, por meio da G8.Log Transportes, “elo vital na logística que conecta a produção da usinas à rede de distribuição”.

“Embora sua função principal seja o transporte, suas operações estão intrinsecamente ligadas e servem diretamente ao ecossistema das distribuidoras de combustíveis e às usinas sucroalcooleiras controladas pelo grupo”, afirmam os investigadores.

No caso da gasolina, o fornecimento era feito pela Copape —empresa do grupo de Mohamad, que produzia o combustível por meio da mistura de correntes de petróleo, em um processo conhecido como formulação —até que seu registro foi cassado pela ANP, em julho de 2024.

As investigações apontam que, depois disso, as distribuidoras do grupo passaram a ser abastecida pela Rodopetro, que comprava o combustível na Refinaria de Manguinhos, do grupo Refit. No Rio de Janeiro. A empresa diz que não é investigada e não tem relação com o crime organizado.

Os dados da ANP indicam que as empresas tinham foco no mercado paulista, que concentrou quase a totalidade de suas vendas de gasolina (95%) e de etanol (85%). Na média nacional, responderam por 4% do mercado nacional de gasolina e 12% do de etanol.

O Itaú BBA diz em relatório que, em 2025, os números equivalem a 6% e 13%, respectivamente. Para o banco, o esquema proporcionou o crescimento de distribuidoras não tradicionais, roubando mercado das maiores companhias do setor.

Para os analistas, a ofensiva contra o mercado ilegal pode ajudar essas companhias a recuperar vendas mantendo margens saudáveis.

Fonte: Folha de São Paulo
Crédito Imagem: Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas

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