Brasil: um oásis no desértico mercado global de lubrificantes

Em meio a um mercado de óleos e lubrificantes mundialmente estagnado, o Brasil se apresenta como um oásis em um deserto cuja sequidão se origina da redução nas vendas de veículos leves em países desenvolvidos, do avanço do transporte público, da preferência da nova geração por serviços de compartilhamento e por outros fatores.

Essa constatação foi feita por Sérgio Rebelo, CEO da FactorK, empresa de gestão empresarial atuante em diversos mercados, entre eles o de mobilidade e energia, durante o IX Congresso Internacional de Lubrificantes (LUBESCON). De acordo com o especialista, a ascensão dos veículos elétricos e a melhoria na tecnologia dos motores, que aumentam os intervalos de troca de óleo, também contribuem para a desaceleração do setor em alguns dos principais mercados automotivos.

“Para termos uma dimensão disso, olhando como exemplo a Europa, vendeu-se em 2024 praticamente 15% menos veículos leves do que em 2014. Nos Estados Unidos, 8% menos do que em 2014, e no Japão, impressionantes 22% a menos”, aponta.

Em contraste, o Brasil apresenta um cenário de crescimento. Rebelo explica que isso se deve ao crescimento contínuo da frota de veículos e à ineficiência do transporte público, que incentiva a população a comprar carros. A tendência do mercado brasileiro para veículos híbridos, em vez de elétricos puros, é outro ponto positivo, já que os lubrificantes continuam essenciais nesse tipo de motor.

O palestrante também destaca que a cadeia produtiva de combustão interna no Brasil é mais consolidada, com aproximadamente 1,5 milhão de empregos gerados direta e indiretamente e com melhor infraestrutura de oficinas e postos de serviço do que a de veículos elétricos. “Quando olhamos para isso, vemos um ambiente com agentes que se ajudam e que não têm dependência desproporcional de um ou outro agente. Pode-se observar que também existem oportunidades no setor de B2B, mostrando que ‘o Brasil tem um encontro incontornável com a sua vocação em algumas dessas indústrias’, e é o que nós vemos aqui quando projetamos taxas de crescimento para o mercado industrial., conclui, parafraseando o ex-ministro Paulo Guedes.

Ele prevê que o mercado de lubrificantes brasileiro crescerá de três a quatro vezes mais que o mercado global, impulsionado principalmente pelos setores de motocicletas e industrial. “Daí vem a percepção que num deserto de oportunidades que é o mundo, nós somos um oásis de crescimento, mas nós lidamos com algumas miragens”, pondera.

A principal miragem que Rebelo adverte é a de que o Brasil é um mercado homogêneo em termos socioeconómicos. “Na verdade, o Brasil se caracteriza por uma enorme heterogeneidade econômico-social. Para tangibilizar isso, pegamos todos os 5.571 municípios e os classificamos frente a critérios de densidade demográfica e renda per cápita. Em nossas pesquisas, descobrimos que o Brasil é uma composição absolutamente única de diferentes países.

Os países que se enquadram nessa comparação e suas características são:

Considerando as taxas de crescimento que nós temos no Brasil e a falta de crescimento que a gente vê no mundo, Sérgio Rebelo afirma que é muito provável que esse cenário competitivo fique ainda mais complicado nos próximos anos com a chegada de novas empresas estrangeiras e com a atuação das grandes corporações brasileiras investindo. “Nesse sentido, as escolhas estratégicas que nós faremos para a próxima década são absolutamente importantes”.

Rebelo conclui dizendo que os novos tempos exigirão infraestrutura, recursos financeiros, atração de capital humano, e alguns outros aspectos. A grande parte das empresas independentes de lubrificantes no Brasil são empresas familiares em primeira ou segunda geração, e que têm a possibilidade de acessar elementos primordiais para qualquer estratégia. Esses elementos são: inteligência e capacidade de inovação demográfica, flexibilidade de portfólio, gestão de relacionamento multinível e excelência operacional.

 

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