A transformação digital no setor de energia está ultrapassando os limites da infraestrutura tradicional. Em áreas remotas da América Latina, onde a ausência de redes terrestres dificultava o monitoramento eficiente de ativos, a combinação entre IoT (Internet das Coisas) — tecnologia que conecta dispositivos físicos à internet para coleta e troca de dados — e conectividade via satélite tem gerado uma revolução silenciosa e altamente eficaz. Um exemplo claro é a solução desenvolvida em parceria pela Myriota e a EDGE Instruments, que tem permitido monitoramento remoto com atualizações frequentes de poços e equipamentos mesmo nas regiões mais isoladas.
Antes dessa tecnologia, as decisões operacionais eram tomadas com base em dados defasados, exigindo visitas

frequentes ao campo apenas para checagem de status. “A ausência de conectividade confiável comprometia a visibilidade das operações. Isso tornava a manutenção reativa, mais cara e arriscada”, explica Oscar Delgado, diretor de vendas da Myriota para a América Latina.
Com a chegada da conectividade via satélite integrada a dispositivos como o controlador eletrônico Xpert, esse cenário mudou drasticamente. “Agora, os dados são transmitidos diretamente para a nuvem, o que permite aos operadores acompanhar remotamente variáveis críticas como pressão, temperatura e nível de fluido, além de configurar alertas e agir preventivamente”, diz Delgado.
Os ganhos são evidentes: redução de 50% no tempo de inatividade não planejada, aumento de 60% no número de poços monitorados por dia e diminuição de 40% no tempo de resposta a falhas. Além disso, empresas têm registrado economia de até 12% nos custos de manutenção. “Esses resultados refletem diretamente na produtividade e na segurança das operações, além de promoverem uma gestão mais sustentável”, afirma o executivo.
Do ponto de vista ambiental, a tecnologia também se destaca. O uso de sensores alimentados por pilhas AA, com durabilidade de até 10 anos, reduz a necessidade de manutenção constante e a geração de resíduos. A diminuição de deslocamentos ao campo também representa menor consumo de combustível e emissão de CO₂. “Estamos falando de uma tecnologia de baixo consumo, que reduz o uso excessivo de produtos químicos e otimiza a logística operacional”, destaca Delgado.
Essa inovação tem se mostrado particularmente relevante para pequenas e médias empresas do setor energético, que antes não conseguiam acessar soluções de monitoramento remoto devido aos altos custos de infraestrutura. “A escalabilidade é um diferencial importante. As empresas podem começar com poucos sensores e expandir conforme a demanda, sem comprometer o orçamento”, diz Delgado. Isso contribui para reduzir desigualdades tecnológicas no setor, permitindo que operadores de diferentes portes adotem práticas de gestão técnica comparáveis às de grandes corporações.
Casos de uso comprovam os benefícios. Em uma das regiões atendidas, houve 32% de redução no número de ativos fora de operação, além de ganhos diretos na rotina dos técnicos. “Antes, era comum que equipes percorressem centenas de quilômetros apenas para verificar se tudo estava funcionando. Hoje, com acesso aos dados com atualizações frequentes, as visitas são direcionadas apenas aos pontos críticos. Isso melhora a eficiência, reduz custos e aumenta a produtividade”, relata Delgado.
A solução também representa um passo importante rumo à digitalização do setor e à transição energética. “A conectividade via satélite será cada vez mais estratégica à medida que cresce a geração descentralizada de energia, como solar, eólica e biogás, muitas vezes em regiões isoladas. Estamos viabilizando operações inteligentes onde antes não havia nenhuma visibilidade”, afirma.
O futuro, segundo Delgado, caminha para um ecossistema ainda mais completo e adaptável. “Estamos desenvolvendo integrações com novos sensores e funcionalidades que atendam a diferentes perfis de operação. A ideia é que a plataforma evolua junto com as necessidades do campo.”
A parceria entre Myriota e EDGE Instruments é um exemplo de como alianças estratégicas impulsionam soluções práticas e inovadoras para os desafios do setor energético. “Juntamos a expertise da EDGE em instrumentação industrial com a nossa tecnologia de conectividade. O resultado é uma solução simples para o operador, mas baseada em engenharia de ponta”, conclui Oscar.