Óleos Lubrificantes para Motocicletas

Por Sergio Vicardi

 

A ideia desta matéria é levar informações básicas sobre as características de um óleo de motocicleta e scooters, destacando suas diferenças em relação aos óleos lubrificantes de automóveis.

Primeiramente, é importante entender que um óleo de motocicleta não lubrifica apenas o motor, mas também a embreagem e o câmbio. No caso das scooters, ele lubrifica o motor e a transmissão automática.

Só por essas exigências já se percebe que os lubrificantes precisam ter tecnologias diferenciadas para atender às distintas demandas. Além disso, há um grande número de motocicletas refrigeradas a ar, o que faz com que a temperatura do lubrificante seja bem superior à dos lubrificantes de veículos.

Os lubrificantes automotivos, devido a exigências ambientais para redução de emissões, utilizam aditivos modificadores de fricção para diminuir o atrito e, consequentemente, reduzir o consumo de combustível. No entanto, se esses lubrificantes automotivos, com características fuel economy, forem utilizados em motocicletas, a aditivação fará com que a embreagem patine, impedindo a transmissão eficiente da força gerada pelo motor e podendo danificar os discos da embreagem.

Dessa forma, fica claro que o lubrificante de motocicleta deve ter características diferenciadas dos lubrificantes automotivos. No caso das scooters, a utilização inadequada poderia comprometer a corrente da transmissão do CVT, fazendo-a patinar. Ou seja, não é adequado utilizar lubrificantes automotivos com características fuel economy em motocicletas e scooters.

Em função dessas características, os lubrificantes para motocicletas e scooters, além de serem desenvolvidos de acordo com normas internacionais como a API, devem seguir a norma JASO T903, japonesa, que define as especificações para a classificação de lubrificantes para motores de dois e quatro tempos. Essa norma também avalia e classifica a adequação dos óleos lubrificantes para os sistemas de transmissão das motocicletas.

A JASO T903, norma-padrão global para lubrificantes de motocicletas, especifica uma divisão importante que define os atributos críticos de desempenho necessários para motocicletas que exigem baixo atrito e lubrificantes de alta fricção. 

JASO T903

O JASO T903 foi introduzido em 1998 em resposta ao aumento do uso de modificadores de fricção, tecnologia utilizada para melhorar a economia de combustível em formulações de lubrificantes para automóveis de passageiros. A maioria dos modificadores de fricção é incompatível com os sistemas de embreagem úmida comuns em motocicletas, o que exigiu a criação de novos padrões para garantir um desempenho adequado da embreagem.

O JASO T903 estabelece duas categorias de desempenho:

  • JASO MA: Para motocicletas com embreagem úmida.
  • JASO MB: Para motocicletas com transmissão automática (scooters).

As motocicletas possuem um sistema compacto que abriga o motor, uma embreagem úmida e um câmbio, todos lubrificados pelo mesmo óleo. Dessa forma, é necessário um nível adequado de fricção para evitar o escorregamento da embreagem, o que pode comprometer a capacidade de liberação e a transmissão de potência durante a operação – um problema indesejável para os motociclistas.

Os óleos de scooter não exigem as características de alta fricção necessárias para uma embreagem úmida, mas ainda precisam oferecer um desempenho especializado. Tanto motocicletas quanto scooters operam sob condições severas, incluindo temperaturas mais altas, maior rotação do motor e maior densidade de potência (potência por unidade de deslocamento) em comparação aos carros de passeio, o que impõe um grande estresse operacional sobre o lubrificante.

Assim, o JASO T903 estabelece duas categorias de desempenho: 

  • JASO MA: Fornece o desempenho de fricção necessário para evitar o deslizamento na embreagem úmida.
  • JASO MB: Proporciona desempenho otimizado para scooters, utilizando modificadores de fricção para fornecer benefícios de economia de combustível.

“Há muitas funções que os lubrificantes para motocicletas e scooters devem desempenhar, e o desempenho adequado de atrito nos lubrificantes é imperativo.”

 

SAE #2 – Teste de Fricção da Embreagem

Um lubrificante é classificado como MA ou MB com base no Teste de Fricção da Embreagem SAE #2, incluído no JASO T903. Esse teste avalia o desempenho do lubrificante em três aspectos:

  • Fricção dinâmica: Sensibilidade da embreagem e transferência de potência durante o engate.
  • Fricção estática: Capacidade de manter o torque e resistência a deslizamentos sob carga.
  • Tempo de parada: Velocidade de acionamento da embreagem.

 

MA vs. MB e a Necessidade de Lubrificantes Dedicados

De forma resumida, as categorias JASO MA e MB se diferenciam pelo fato de um lubrificante ser adequado ou não para embreagens úmidas.

Em 2006, para diferenciar ainda mais os lubrificantes da categoria JASO MA, a classificação foi subdividida em:

  • JASO MA1: Lubrificantes com desempenho padrão para embreagens úmidas.
  • JASO MA2: Lubrificantes com maior desempenho de fricção, indicados para motocicletas de alto desempenho.

 

Pergunta aos motociclistas:

Em uma motocicleta em perfeitas condições de manutenção, com a embreagem bem regulada, as trocas de marchas são precisas logo após a substituição do lubrificante. No entanto, após certa quilometragem, os engates já não são tão precisos.

Alguém já percebeu isso?

Por que isso acontece?

 

Matéria escrita por Sergio Viscardi e revisada pela especialista e amiga Margareth Carvalho, a quem devo muito o meu aprendizado em aditivação de lubrificantes para motocicletas.

 

A opinião expressada neste artigo não reflete a opinião do Portal Revista Petrus.

 

 

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