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Indústria tem desafio de ‘transição justa’ sem perder eficiência, diz executiva da Petrobras

A eficácia das estratégias rumo à transição energética com matriz limpa, eficiente e competitiva no Brasil deve passar também pela inclusão de pessoas que ainda não dispõem de recursos financeiros para consumir plenamente energia no País. A avaliação, da executiva Raquel Coutinho, gerente de descarbonização de portfólio e cadeia de valor da Petrobras, trata da chamada ‘transição energética justa’, que parte do princípio de que a população, de um modo geral, precisa ter acesso facilitado aos benefícios da geração energética sustentável.

O tópico foi abordado pela executiva durante o 3º Fórum Net Zero, organizado pelas empresas Amcham e Honeywell na terça-feira, 13, em São Paulo (SP). Ela exemplificou que, no Brasil, há ainda uma parcela considerável de famílias que cozinham a lenha por não ter possibilidade de pagar por outras fontes energéticas. Essa alternativa é a segunda maior fonte de energia consumida nas residências brasileiras, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

“O Brasil tem 50% de sua matriz energética renovável, e muito desse esse esforço feito até hoje foi custeado pelo próprio consumidor. A pergunta que precisamos nos fazer é: como incluiremos quem hoje em dia não tem capacidade de consumo pleno?”, questionou, complementando que o País estima um aumento na demanda de energia de 50% até 2050, o que eleva a necessidade de se pensar em uma transição justa.

“Uma transição que busque tecnologias que garantam eficiência cada vez mais crescente em todos os setores e a busca de uma atração custo-efetiva é a chave para a transição evoluir. Do contrário, a sociedade não abraça a transição, o consumo de energia não cresce, a competitividade da indústria não avança”, afirmou. “A iniciativa privada precisa plenamente investir na sua capacidade de desenvolvimento tecnológico para fechar essas lacunas, não só de energia com menos emissão, mas também da capacidade de consumo da sociedade brasileira.”

Além de permitir o acesso facilitado à energia, a indústria tem o desafio de aumentar sua geração energética sem prejudicar a corrida pela neutralização de carbono em operações, produtos e serviços, explicou Coutinho.

Raquel Coutinho observou que o Brasil está desenvolvendo o Plano Clima, gerido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) com o objetivo de combater o aquecimento do planeta. O documento é um desdobramento da versão brasileira da Contribuição Nacionalmente Determinada (iNDC, na sigla em inglês), que visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 48% até 2025 e em 53% até 2030.

“Isso demonstra a iniciativa do governo brasileiro de honrar seu compromisso junto ao UNFCCC (Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, da ONU). Precisa haver uma grande concentração nacional para que metas (climáticas) sejam atingidas. O Brasil está em plena discussão sobre como os mercados, as indústrias, e os setores devem evoluir em ganhos de eficiência, chegando até o Net Zero”, comentou. “Precisamos pensar, de fato, em serviços energéticos com menos emissão para que o País consiga avançar na descarbonização, mas também precisamos manter a competitividade e eficiência de todos os setores.”

Investimento

No final do ano passado, a Petrobras aprovou um plano estratégico com previsão de investimento de US$ 11,5 bilhões até 2028 em projetos de baixo carbono. De acordo com Coutinho, a empresa tem buscado não só a descarbonização das suas operações mas também ampliado alternativas no portfólio. Como exemplo desses esforços, a executiva citou, entre outros, o lançamento do Diesel R, feito com conteúdo renovável via coprocessamento, e da Gasolina Podium Carbono Neutro, que sai das refinarias com suas emissões neutralizadas.

“Entendemos que o provimento de serviços energéticos com menor emissão é o caminho para apoiar o Brasil e a sociedade na descarbonização não só das operações, mas também dos produtos.”

Fonte: O Estado de São Paulo