Com investimento em inovação, o Brasil pode dispor de novas tecnologias, direcionadas às energias renováveis, hidrogênio verde, sistemas de armazenamento e processos circulares. Esta é uma das constatações do Seminário CEBDS 2024: Transição Energética Justa, integrada à Natureza e Sociedade, realizado nesta quarta-feira (28/08), em Natal.
“O hidrogênio verde é visto como uma solução chave para descarbonizar setores difíceis de eletrificar, como a indústria pesada, transporte de longa distância e produção de aço. Ele também pode ser utilizado em diversas aplicações, como combustível em células de hidrogênio para veículos, na produção de amônia, aquecimento residencial, além da viabilidade de armazenamento de energia excedente gerada por fontes renováveis”, disse Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).
Durante sua fala de abertura, ela também pontuou que o Brasil tem potencial para ser líder da nova geopolítica, baseada em uma economia de baixo carbono, e que para promover uma transição justa é fundamental colocar as pessoas no centro da tomada de decisões de governos, empresas e sociedade civil. “O hidrogênio verde, a nossa neoindustrialização, o aço de baixo carbono e os biocombustíveis são soluções do Brasil para o mundo inteiro”, afirmou.
No início de agosto, o Marco Legal do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono, que garante mais segurança jurídica para atração de investimentos, foi sancionado. A Lei do Hidrogênio de Baixo Carbono foi um dos temas de destaque do seminário, que contou com a participação da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra.
“O compromisso está posto. E é aí que entra o papel do Nordeste e do Rio Grande do Norte. O Nordeste responde por mais de 85% da produção de energia renovável no país. A eólica é a modalidade predominante. Mas temos visto o crescimento de energia solar e offshore, potencializado pelo hidrogênio verde”, destacou a governadora, citando a assinatura, na semana passada, de um contrato para a instalação de uma planta piloto de hidrogênio verde no estado. Com isso, o estado será o primeiro do país a adotar o hidrogênio verde como combustível para a indústria de cimento em substituição a derivados de petróleo.O encontro foi dividido em seis painéis, que abordaram temas como desafios e oportunidades para a transição em uma perspectiva multidimensional; a questão regulatória para desenvolver as tecnologias de energia limpa; financiamento para a transição; agricultura regenerativa como forma de combater a insegurança alimentar e a crise climática; biodiversidade; e adoção de ações climáticas pelas empresas para diminuir riscos e impactos adversos.
“Das seis grandes agendas globais atuais que estão em foco da governança da ONU e dos bancos de investimento, o Brasil pode se posicionar como líder de três delas, sendo as agendas da transição energética, climática e segurança alimentar”, destacou Gabriel Azevedo, diretor geral de estratégia do BID Invest durante o painel 3, “Financiando o futuro”, focado em financiamento e no papel dos bancos multilaterais e de desenvolvimento na mobilização de recursos para projetos sustentáveis.
Durante o evento, também foram anunciadas as vencedoras da 7ª edição do Prêmio CEBDS de Liderança Feminina e o CEBDS entregou, em uma ação social com apoio da DevMedia, 20 bolsas de estudos integrais para a formação de programadores. As bolsas beneficiarão jovens e adultos apoiados por ONGs locais.
O Seminário CEBDS 2024 reuniu cerca de 300 pessoas e contou com o patrocínio de Banco do Nordeste, Governo Federal, Equinor, Nestlé, Vale, Caixa, Eletrobras e Neoenergia, e com apoio institucional de ABEEólica, ABRACE, ABRAGE, Deep ESG, DevMedia, Fecomércio RN, SESC e Globo.
Rio Grande do Norte gera 30,2% de toda a produção eólica no Brasil
O Rio Grande do Norte é hoje o líder nacional na produção de energia eólica, que saltou de menos de 1% da matriz elétrica brasileira há 20 anos para os atuais 15,9%. Além disso, a região Nordeste pode se beneficiar muito da transição energética, visto que é rica em recursos renováveis, como sol e vento, e tem potencial para liderar em tendências como o hidrogênio verde.
“Esse novo modelo de desenvolvimento deve considerar o uso estratégico dos nossos ativos ambientais para promover a prosperidade, enfrentar nosso grande passivo social e promover o entendimento e a integração das necessidades e expectativas das comunidades locais”, concluiu Marina Grossi.
O crescimento da economia da região Nordeste está acima da média nacional em 2024. No primeiro trimestre, cresceu 3,2%, superando a média nacional, que foi de 1%. Paralelamente, podem ser observadas melhoras no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de municípios da região que vêm recebendo empreendimentos de energia renovável.