Etanol ganha força e moagem supera 2023, mas TCH e ‘morte súbita’ preocupam

A safra 2024/2025 de açúcar e etanol, que teve sua largada no início de abril, se aproxima da metade e a demanda pelo biocombustível segue elevada, apesar da queda nos preços na última semana.

O preços do etanol voltaram a perder força entre os dias 9 e 16 de agosto. Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o hidratado (sem frete e PIS/Cofins) perdeu 1,35%, a R$ 2,5977 o litro, no dia 16 de agosto. O anidro (sem frete e PIS/Cofins), por sua vez, recuou 2,15% no mesmo período, a R$ 2,9473 por litro.

Para a StoneX, a moagem na safra 2024/2025 deve atingir 602,2 milhões de toneladas. Em 23/24, a moagem ficou em 659,3 milhões de toneladas.

Nesta quinta-feira, a Conab estimou a safra 24/25 de cana-de-açúcar do Brasil em 689,83 milhões de toneladas, alta de 0,6% ante abril. Caso a previsão se confirme, haverá queda de 3,3% frente ao recorde do ciclo passado, mas ainda será a segunda maior safra da história.

Demanda por etanol segue elevada

Segundo Marcelo Di Bonifácio, analista da StoneX, o driver de preços neste momento fica por conta do apetite ou não das distribuidoras, já que de forma geral, a tendência de alta nos preços.

“A venda das usinas foi bem alta em julho, assim como a demanda e os preços, com a paridade em São Paulo, acima de 66%, em uma trajetória de alta. Dada essa tendência, os estoques do Centro-Sul deram uma normalizada, após virarem a safra em um patamar recorde, estando mais próximos dos patamares do ano passado. Com esse cenário, em momentos de alta nos preços, as distribuidoras vão desacelerar suas compras, esperando preços melhores”, diz.

Bonifácio comenta que na semana passada houve um movimento um pouco mais lento das distribuidoras, com alguns vendedores cedendo, o que derrubou os preços no mercado spot (à vista). “Os preços continuam sustentados, acima de R$ 3 com impostos, o que explica esse cenário”.

Avanço da safra: TCH e ‘morte súbita’ preocupam

No que diz respeito ao ritmo da colheita, com o clima seco ajudando nos trabalhos de colheita, apesar das chuvas pontuais de julho que deram uma desacelerada na safra, mas as usinas seguem com um ritmo acelerado de moagem.

A moagem está bem acima do ano passado, já que em 2023 as usinas começaram bem atrasadas, por chuvas elevadas em abril. Bonifácio aponta que neste ano temos uma moagem muito boa e um TCH (índice que mede produtividade) até junho muito favorecido pela safra passada, com bastante cana bisada sendo colhida agora.

“Por outro lado, houve uma queda no TCH em julho, algo que não é sazonal, isso porque a cana que recebeu menos chuvas entre novembro de 2023 e março desse ano, já começa a sofrer perdas mais acentuadas de produtividade agora em julho, sendo essa a cana que será colhida entre agosto e setembro. O que preocupa agora é o ritmo de moagem”, aponta.

De acordo com o analista de açúcar e etanol da StoneX, há uma preocupação entre as usinas para uma eventual “morte súbita” da safra, com o ciclo se encerrando de forma acelerada. Além dessa questão, a qualidade da cana não está tão boa quanto se esperava, com algumas impurezas dificultando a maximização do mix açucareiro pelas usinas.

“Isso acontece em alguns momentos de quebra de safra, às vezes as usinas adiantam, colhem tudo de uma vez e acabam todas juntas, aconteceu na Índia isso ano passado, por exemplo. Já se fala nisso, não há certeza, mas existem essas duas preocupações principais: até quando vai durar a safra e como será o TCH de agosto/setembro, já que além de dar o tom do fim de safra, ele deve dar pistas para o TCH em 2025″, completa.

A partir de setembro e outubro, as atenções se voltam para a estação de chuvas, já que os acumulados da entressafra são essenciais para o ciclo 25/26.

Etanol x Gasolina: O que escolher?

A partir dos últimos dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), com o levantamento de preços de combustíveis entre 4 e 10 de agosto, vale mais a pena encher o tanque com etanol no Distrito Federal e em sete estados (Acre, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e São Paulo).

Vale lembrar que compensa mais abastecer com o biocombustível no lugar da gasolina quando o preço do etanol responde por até 70% do combustível fóssil.

Estados Etanol – Preço médio revenda (R$/L) Gasolina – Preço médio revenda (R$/L) Paridade (%) Qual combustível?
Acre 4,94 7,23 68,33 Etanol
Alagoas 4,93 6,27 78,63 Gasolina
Amapá 5,13 5,97 85,93 Gasolina
Amazonas 4,88 6,91 70,62 Gasolina
Bahia 4,71 6,39 73,71 Gasolina
Ceará 5,06 6,27 80,70 Gasolina
Distrito Federal 4,19 6,09 68,80 Etanol
Espírito Santo 4,41 6,24 70,67 Gasolina
Goiás 3,96 5,97 66,33 Etanol
Maranhão 4,61 6,04 76,32 Gasolina
Mato Grosso 3,87 6,06 63,86 Etanol
Mato Grosso do Sul 3,88 5,88 65,99 Etanol
Minas Gerais 4,26 6,20 68,71 Etanol
Pará 4,88 6,33 77,09 Gasolina
Paraíba 4,63 6,13 75,53 Gasolina
Paraná 4,13 6,16 67,05 Etanol
Pernambuco 4,74 6,12 77,45 Gasolina
Piauí 4,45 6,00 73,33 Gasolina
Rio de Janeiro 4,39 6,02 72,92 Gasolina
Rio Grande do Norte 5,44 6,65 81,80 Gasolina
Rio Grande do Sul 4,72 6,14 76,87 Gasolina
Rondônia 5,03 6,82 73,75 Gasolina
Roraima 4,81 6,30 76,35 Gasolina
Santa Catarina 4,43 6,12 72,39 Gasolina
São Paulo 3,92 5,92 66,22 Etanol
Sergipe 4,85 6,44 75,31 Gasolina
Tocantins 4,63 6,51 70,66 Gasolina
Fonte: Money Times