Search
Close this search box.

Petróleo: sanções à Venezuela têm efeito moderado; Confira análise da Hedgepoint

  • Washington restabeleceu sanções contra Venezuela após o não cumprimento de acordos feitos com Caracas a respeito das eleições no país. Como um importante produtor de petróleo, o destino político do país sul-americano pode impactar o complexo energético.
  • Apesar das restrições, os Estados Unidos ainda permitirão que empresas específicas operem na Venezuela, limitando o impacto econômico das sanções no mercado global. Em meio aos cortes de produção promovidos pela OPEC+, o petróleo venezuelano é importante para o balanço energético mundial.
  • Os impactos diretos da diminuição das exportações de petróleo da Venezuela no mercado global serão relativamente baixos devido à sua participação limitada no suprimento internacional, mas os efeitos indiretos podem ser mais significativos e complexos.
  • Algumas refinarias americanas do Golfo do México podem obter melhores margens de rendimento com petróleo de alta densidade e alto teor de enxofre, especificações encontradas no petróleo da Venezuela.

Em 28 de julho, a Venezuela escolherá um novo presidente, ou pelo menos é isso que o regime de Maduro quer que o mundo acredite. Com a maior reserva de petróleo do mundo (303.22 bilhões de barris) e outrora um dos maiores produtores globais, o destino político da Venezuela tem implicações profundas para o mercado de petróleo. A Hedgepoint Global Markets aborda, em relatório, os efeitos das sanções norte-americanas contra o regime.

“Em janeiro de 2019, os Estados Unidos impuseram um pacote abrangente de sanções contra a Venezuela, visando dificultar a obtenção de receitas advindas da exploração do setor de óleo e gás. Em novembro de 2022, os Estados Unidos concederam um afrouxamento das sanções, permitindo que empresas como a Chevron Corporation (NYSE: CVX) operassem no setor petrolífero venezuelano. Medidas como essa resultaram em um aumento de nas exportações de petróleo do país”, diz Victor Arduin, analista de Energia e Macroeconomia da Hedgepoint.

E prossegue: “No entanto, em meio ao não cumprimento aos acordos firmados com Washington sobre às eleições no país, novas sanções foram reinseridas contra a Venezuela. No relatório de hoje, analisaremos a situação atual da nação sul-americana e seus potenciais impactos no mercado de petróleo”.

Sanções terão impactado limitado sob mercado energético

A produção de petróleo na Venezuela gira em torno de 860 mil bpd o que representa uma redução significativa em relação aos 3,2 milhões de bpd registrados nos anos 2000. Ainda, em termos de participação no mercado global, a produção venezuelana representa pouco mais de 0,5% da demanda mundial.

“No entanto, o país possui as maiores reservas do mundo e seu destino político impacta o mercado energético. Caso o país tivesse eleições livres, poderíamos assistir uma reorganização do seu setor energético, mas não parece ser o caso, culminando no retorno de sanções”, observa.

Em 31 de maio, terminou a autorização geral que permitia a empresas operarem na Venezuela. Essa medida dos Estados Unidos visa aumentar a pressão sobre o governo venezuelano em resposta ao não cumprimento dos acordos em relação às eleições do país.

“Contudo, o impacto será limitado, pois algumas licenças especiais continuarão em vigor, como a permissão dada à Chevron desde 2022 para vender petróleo nos EUA e para algumas empresas europeias também”, aponta.

Os preços do petróleo recuaram mais de 6% no mês de maio em meio de um cenário macroeconômico incerto e temores de demanda enfraquecida. No entanto, remover totalmente o petróleo venezuelano do mercado pode impactar os custos energéticos nos Estados Unidos e na Europa, em especial quando ações da OPEC+ tem restringido cada vez mais o suprimento mundial.

Algumas refinarias dos EUA foram projetadas para processar petróleo Venezuelano

As refinarias americanas do Golfo do México foram projetadas para processar óleo pesado, obtendo melhores margens com petróleos de alta densidade e alto teor de enxofre, enquanto outras refinarias podem misturar com petróleos mais leves para alcançar as especificações desejadas.

“Por hora, dados fracos de demanda nos EUA e gradual recuperação do setor de manufatura têm mantido a necessidade por produtos médios e pesados menor. Contudo, considerando os baixos estoques de destilados médios no país e o fato de que as refinarias estão começando a focar na produção de gasolina devido à ‘driving season’, a ausência total de petróleo venezuelano impactaria os custos energéticos assim como a inflação nos próximos meses”, acredita.

A reimposição das sanções trará mais dificuldade para o regime do país sul-americano aumentar suas receitas, mas está longe de eliminar os ganhos que o país obtém da comercialização de petróleo.

Segundo o analista, “nos últimos anos, a Venezuela tem ampliado suas relações comerciais com outras nações, especialmente a China. Isso tem trazido enorme vantagem para refinarias chinesas têm se beneficiado do petróleo barato da Venezuela para obter maiores margens de lucro”.

Em resumo, a produção da Venezuela hoje é uma sombra do que foi no passado, mas seu petróleo segue sendo essencial para o mercado, principalmente para refinarias que foram projetadas para processar óleo pesado e com alto teor de enxofre.

Nas últimas semanas, o preço do petróleo tem caído em meio a temores sobre a demanda. Caso Washington optasse por sanções mais rigorosas à Venezuela, os preços subiriam, resultando em maiores custos energéticos e inflação mais alta para os EUA e Europa.

A reimposição das sanções dificultará o aumento da produção de petróleo da Venezuela, mas está longe de impedir o país de obter receitas da exploração de petróleo e gás. Hoje o país possui outras opções para exportar seu petróleo, países como China e Índia, que demonstram interesse no petróleo venezuelano mais barato.

Acesse o relatório completo clicando aqui.