O avanço tecnológico trouxe uma série de mudanças para os negócios do mundo todo. Uma das mais importantes foi a captação e leitura de dados, inserindo a cultura Data Driven às mais diversas organizações. O termo, que significa “orientado por dados” em português, pode ser utilizado quando uma empresa tenta fazer com que a maior parte dos seus processos e ações – como prescrição de ações de melhorias contínuas e tomadas de decisão – se baseie na coleta e análise de dados relevante, prática que tem crescido cada vez mais no ambiente corporativo.
De acordo com uma pesquisa da MicroStrategy, companhia focada em Business Intelligence, 94% das empresas consideram os dados um fator essencial para o seu crescimento. Um levantamento conduzido pela Forrester, empresa norte-americana de pesquisa de mercado, revelou que 40% das empresas já estão utilizando a análise de dados em diversas áreas de negócio e que 90% devem usar analytics até o final desta década.
Os estudos evidenciam que as organizações entenderam essa nova realidade e já passaram a utilizar a análise de dados no dia a dia dos negócios de alguma forma, tanto para implementar novos produtos e serviços baseados no comportamento, gostos, desejos e necessidades do consumidor, quanto para reduzir gastos desnecessários e tomar decisões mais estratégicas.
A partir dessa relevância atribuída aos dados, em 2017, o The Economist publicou uma reportagem, afirmando que “os dados são o novo petróleo”. E, de fato, a reflexão publicada pelo jornal faz sentido. Da mesma forma que o petróleo é uma fonte de energia importante para indústrias dos mais diversos segmentos, os dados são a matéria-prima de várias empresas, capaz de impulsionar os negócios com inovação, novos produtos, serviços e oportunidades econômicas.
Essa analogia pode ir além. Assim como o petróleo, os dados também precisam ser extraídos, refinados e analisados para fornecer insights significativos que ajudam a tomar decisões estratégicas. Para isso, não basta captar as informações, é preciso ter uma análise detalhada e aprofundada, fazendo cruzamentos, entendendo o histórico e o perfil de cada cliente e de cada produto, para que, assim, os dados realmente ajudem na tomada de decisão, nas estratégias de negócios e até em políticas públicas, para entender o contexto, identificar tendências e antecipar mudanças.
Também é importante considerar que a análise de dados pode revelar insights valiosos sobre preferências e comportamentos do consumidor, ajudando as empresas a personalizar a experiência do cliente, oferecendo produtos, serviços e conteúdos adaptados às necessidades individuais, ajudando a melhorar a satisfação do público, aumentar a fidelidade e impulsionar o crescimento dos negócios.
Os postos que buscam ter uma atuação mais estratégica precisam adotar o modelo Data Driven, dando valor a uma gestão mais analítica, baseada no entendimento do comportamento do consumidor. Os dados são essenciais para otimizar processos e operações em diversas áreas, da logística e cadeia de suprimentos à gestão de recursos humanos. A análise de dados pode identificar gargalos, reduzir custos e melhorar a eficiência em toda a organização.
Assim como diversos setores da economia, o segmento de postos de combustíveis tem a oportunidade de cruzar dados internos e externos para criar novos produtos e serviços, além de ser uma ferramenta de tomada de decisão e informação. Isso permite que as empresas reajam aos movimentos do mercado, sendo mais proativas.
Mas, dentro da captação e análise de dados, sempre fica o alerta sobre a necessidade de assegurar a confidencialidade das informações. Da mesma forma que o petróleo pode causar impactos ambientais se não for manuseado corretamente, os dados podem representar riscos à privacidade e à segurança se não forem protegidos adequadamente.
A segurança cibernética e a proteção de dados são preocupações fundamentais na era digital. Assim como o petróleo é regulado para garantir sua produção e uso responsável, os dados estão sujeitos a regulamentações para proteger a privacidade dos usuários, garantir a transparência e promover a equidade no acesso e uso. Por isso, é muito importante que os postos de combustíveis estejam atentos ao uso de dados, sempre garantindo a cibersegurança das informações de forma eficiente.
O fato é que o petróleo jamais deixará de ser uma matéria-prima importante para os postos, mas os dados revelam o futuro dos negócios, com impacto, inclusive, em tecnologias, como inteligência artificial, aprendizado de máquina, análise de dados e Internet das Coisas que dependem dos dados para funcionar efetivamente e podem ter grande impacto no setor, possibilitando novas formas de conexão com os usuários, pela criação de experiências diferenciadas e únicas.
A cultura Data Driven permite entender as necessidades, gostos e desejos dos consumidores, para prestar serviços cada vez mais eficientes e personalizados em postos de combustíveis, além de inovar com novos produtos nas lojas de conveniência. Esse é o futuro dos negócios para o setor e, quem não estiver atento desde já, ficará para trás.
Samuel Carvalho é diretor de Postos na Linx, empresa do Grupo StoneCo e especialista em tecnologia para o varejo.