Search
Close this search box.

Como agir diante do inconstante mercado de combustíveis?

Especialista em Inteligência de mercado dá sugestões aos empresários e investidores do setor e faz alerta: retirada de créditos do PIS e COFINS deixará algumas operações menos rentáveis

Para aqueles que acompanham de perto o mercado de commodities, algumas manchetes são frequentemente vistas, tais como “Petróleo fecha em alta impulsionada por…” ou “Petróleo sofre queda devido ao…”.

Esses pequenos títulos são encontrados diariamente nos principais veículos de economia e expõem a volatilidade na cotação diária do petróleo, o que afeta diretamente o mercado de combustíveis e o bolso do consumidor.

Nesse momento, o mercado vê seus preços e fundamentos impactados por diferentes razões.  De um lado, produtores de petróleo buscam o retorno dos altos preços por meio do controle da produção por parte da OPEP+. De outro, as principais economias do mundo buscam reduzir o impacto inflacionário em seus respectivos países. E, para completar o cenário, tensões geopolíticas trazem volatilidade para o mercado energético com um todo, seja na Guerra da Ucrânia ou no Oriente Médio.

De modo surpreendente, mesmo com alta volatilidade, os preços do petróleo em 2024 já estão acima da média de 2023 e isso desencadeia uma série de efeitos no mercado como um todo. Quem explica mais profundamente essas consequências é Lucas Balzano, responsável pela área de Inteligência de Mercado de Vinílicos e Especialidades na Braskem.

Balzano afirma que os setores são diferentemente impactados pelas oscilações diárias da commodity. “Para o setor de transporte, a alta dos preços dos combustíveis acaba gerando um custo de frete maior. Para o mercado de serviços e bens de consumo, devido ao maior custo logístico, os produtos tendem a ter seus preços impactados. Já para a indústria, maiores custos nas matérias-primas geram um aperto nas margens dos produtores, o que afeta diretamente os resultados e, consequente, reflete no mercado financeiro, por meio das ações e dos derivativos.”

O especialista afirma que a instabilidade no mercado brasileiro de combustíveis é algo que a Braskem lida há muitos anos, mas que recentemente, as constantes mudanças na liderança da Petrobras e suas respectivas estr

atégias de preços acabaram dificultando a previsibilidade do mercado. “Diante desse panorama, cabe aos players brasileiros procurar diversificar seu portfólio de produtos e clientes, buscando mitigar possíveis impactos negativos em suas operações.”

“Como agir diante dessas intempéries? ”, pode se perguntar o dono de posto ou investidor do setor. Segundo Balzano, o melhor a  fazer é procurar regiões alternativas de fornecimento. Outra possibilidade seria buscar a venda da gasolina produzida para o mercado externo. Na América Latina, existem grandes mercados consumidores que hoje são dependentes do fornecimento internacional.

“Com os baixos preços praticados no mercado brasileiro, mesmo com custo logístico mais elevado (para direcionar os combustíveis para outras regiões), a rentabilidade muitas vezes acaba sendo melhor do que no mercado do Brasil”, pontua.

Por fim, o representante da Braskem fez algumas observações sobre a MP 1.227/24, que limita os créditos gerados de PIS/COFINS. Ele alerta que os mais impactados serão os distribuidores de combustíveis, que acabam usando esse benefício para tomada de decisões estratégicas e compensação de algumas operações de baixa rentabilidade.   

“Com a retirada das compensações, algumas operações deixarão de ser rentáveis para os players do mercado, o que pode afetar suas margens de atuação e até aumentar o preço para o consumidor final. Vamos acompanhar os desdobramentos regulatórios no mercado brasileiro que podem mudar a dinâmica nacional de combustíveis”, finaliza.