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Brasil passará tecnologia do biodiesel para Moçambique

Foto: João Macaringue, Coordenador do Gabinete de Coordenação de Reformas Econômicas do Ministério de Economia e Finanças de Moçambique; Donizete Tokarski, diretor superintendente da Ubrabio; Marcelo Tertuliano, sócio da CTJ Consultoria; Bruno Chicalia, sócio da CTJ Consultoria e Gustavo Santos, consultor de governança do Instituto Tony Blair

Membros do Ministério da Economia e Finanças de Moçambique estiveram no Brasil e assinaram com a Ubrabio um memorando de entendimento para o desenvolvimento da indústria de biocombustíveis daquele país

Aconteceu em São Paulo (SP), na última semana, o I Fórum Biodiesel e Bioquerosene – Tecnologia e Inovação, realizado pela União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene – Ubrabio. Um dos destaques do evento foi a assinatura de um Memorando de Entendimento entre o Gabinete de Reformas Econômicas do Ministério da Economia e Finanças da República de Moçambique, a CTJ Consultoria (empresa moçambicana de consultoria estratégica e empresarial) e a Ubrabio, para que se iniciem discussões para o desenvolvimento e a implementação da indústria de biocombustível em Moçambique, utilizando-se de tecnologia e expertise brasileira.

O coordenador-adjunto do Gabinete de Reformas Econômicas do Ministério da Economia e Finanças do Governo de Moçambique, João Macaringue, comentou que a medida 10 do PAE – Programa de Aceleração Econômica do país visa à geração de mais postos de trabalho e indução de investimentos privados na cadeia de valor da produção agrícola e redução das importações. Deste modo, introduz a obrigatoriedade de os importadores e distribuidores de combustíveis líquidos incluírem biodiesel no combustível de todo o país. “Por ser o Brasil referência no assunto, o governo moçambicano foi conhecer projetos que possam ser desenvolvidos em seu território, iniciando-se pelo B3 – inclusão de biodiesel no teor de 3% no combustível – podendo chegar a 20% desse total”, explicou.

 

O que diz o Memorando de Entendimento

O documento estabeleceu uma parceria entre as partes para a boa execução e implementação da Medida 10 do PAE, dentro da expertise de cada um: a CTJ como especialista em assessoria e consultoria empresarial, enquanto a Ubrabio é uma entidade que congrega não só as empresas do setor de produção de biocombustível, bem como outras entidades envolvidas na economia circular (agricultura familiar, produção e reciclagem animal, fabricantes automóveis e aéreos, transportadores rodoviários, entre outros) e apoia as iniciativas de pesquisas e projetos na área, sendo capaz de prestar todo o suporte técnico na empreitada.

Assim, o Memorando visa estabelecer a troca de conhecimento entre as partes, na forma de estudos, projetos e pesquisas, para que sejam delineados os termos e condições para o planejamento, implementação e o desenvolvimento da indústria de biocombustíveis em Moçambique, com tecnologia brasileira para geração de empregos e riqueza a partir da produção local. “Moçambique é um país com grande capacidade agrícola e apenas 15% de nosso território disponível para plantio é explorado. Assim, temos muita área produtiva para projetos de biocombustíveis que não interferem em nossa capacidade de produzir também alimentos”, elucida Macaringue.

 

Ubrabio se posiciona sobre o aumento da mistura de biodiesel no diesel

Para Sergio Beltrão, diretor-executivo da Ubrabio, dar ênfase ao biodiesel é muito importante, visto que o aumento da adição de biodiesel no óleo diesel tem sido questionado pelo setor de transportes, que defende que uma porcentagem maior de biodiesel na composição pode ser prejudicial para motores e instrumentos de abastecimento.

“Essas informações são improcedentes, porque a qualidade do biodiesel brasileiro é reconhecidamente a mais restrita do mundo, comparando-se com a de Estados Unidos, Indonésia e União Europeia, que junto com o Brasil são expoentes na produção e no uso do biodiesel”, afirma Beltrão, que defende a excelência no padrão de qualidade do biocombustível.

O diretor da Ubrabio explicou que quando não se aplicam boas práticas, o combustível se degrada, “seja o diesel, seja a mistura com o biodiesel, seja a gasolina, seja o etanol, quer dizer, todo combustível, ele tem que ter uma série de precauções para que justamente a vida útil seja estendida até o consumo do final.”

Ele conclui dizendo que o biodiesel melhora a qualidade do diesel do petróleo e que o diesel puro, se não for preservado de acordo com as boas práticas, vai se deteriorar ao longo do tempo, como qualquer combustível. “Eu reafirmo que não existe nenhum respaldo técnico para críticas ao biodiesel. Pelo contrário, o biodiesel brasileiro possui excelência nos seus parâmetros de qualidade”. Beltrão participou do Congresso Brasil Rendering, realizado pelo Sincobesp (Sindicato Nacional dos Coletores e Beneficiadores de Subprodutos de Origem Animal)  no dia 5 de junho, no Distrito Anhembi.

 

Caminhão usando B100

Nos dias 5 e 6 de junho, o Grupo Potencial, empresa produtora de biodiesel e glicerina, apresentou, durante a Fenagra 2024, os resultados do primeiro veículo que foi transformado de diesel para o biodiesel em parceria com a Cotrasa, concessionária autorizada Scania, no estado do Paraná, e chancelado pela montadora.

Segundo o vice-presidente Comercial e de Relações Institucionais do Grupo, Carlos Eduardo Hammerschmidt, o combustível 100% renovável garante aos caminhões uma redução de até 95% da emissão de dióxido de carbono (CO2), considerado o principal gás de efeito estufa. A primeira etapa do projeto, feita em 2023, representou um investimento que superou os R$ 26,4 milhões.

Foto: Carlos Eduardo Hammerschmidt Diretor Grupo Potencial

O Grupo ainda adquiriu mais 24 caminhões que serão adaptados (a exemplo de um veículo Flex) de forma que permita o funcionamento tanto com biodiesel quanto com diesel comum. “Nossa diretriz é ser protagonista na transição energética sustentável”, explica.