A primeira reunião da OPEP+ em 2024 manteve os cortes voluntários dos países para defender os preços do petróleo. No entanto, em março, quando ocorrerá a próxima reunião, os cortes voluntários poderão ser revisados, o que pode resultar no retorno de 2,2 milhões de barris por dia (bpd) ao mercado, deixando apenas 3,66 milhões de bpd em vigor pelo grupo.
A produção de petróleo da OPEP registrou a maior queda desde julho do ano passado, permanecendo um pouco acima de 26 milhões de barris por dia (bpd), sinalizando o esforço conjunto dos países para defender os preços do petróleo, principalmente da Arábia Saudita, que tem sido a principal interessada nessa estratégia.
No entanto, a crescente oferta de petróleo no mundo por conta dos países não pertencentes à OPEP+, em especial os EUA, está dificultando a estratégia do grupo. De acordo com dados da Administração de Informações sobre Energia dos EUA (EIA), a maior economia do mundo produziu 13,3 milhões de barris por dia em novembro de 2023, maior volume já registrado.
Mais uma vez, a reunião da OPEP+ foi realizada, dessa vez demonstrando maior unidade entre os membros e reforçando o compromisso de apoiar os preços do petróleo bruto e manter os cortes voluntários, pelo menos até março. Portanto, não houve mudanças na atual política de produção do grupo.
“Os últimos acontecimentos no complexo energético, especialmente os conflitos em torno do Mar Vermelho que aumentaram os riscos de interrupção, trouxeram algum alívio para os países membros da aliança. Eles enxergam os atuais preços como razoáveis frente aos riscos baixistas que têm mantido as commodities energéticas sob pressão. Apesar de atingir seu objetivo, a estratégia de restringir a produção acabou por reduzir a participação da OPEP+ no mercado global de petróleo. Como consequência, algumas mudanças começam a entrar em curso, sendo uma delas a revisão do plano de expansão da capacidade total de produção de petróleo na Arábia Saudita. algo que poderá ter consequências altistas no futuro”, afirma Victor Arduin, analista de Energia e Macroeconomia da hEDGEpoint Global Markets.
Arábia Saudita cancela planos para aumentar sua produção nos próximos anos
Os cortes na produção têm sido uma das ferramentas mais poderosas que a OPEP e seus aliados têm usado nos últimos anos para estabilizar os preços nos níveis desejados pelos membros, o que é importante, pois a maior parte das suas receitas dependem do preço do barril de petróleo bruto. Entretanto, a adoção dessa política teve um custo significativo, em especial para a Arábia Saudita.
“A redução das exportações de petróleo bruto reduziu sua participação no mercado. Embora os preços mais altos por barril sejam benéficos, eles estão impondo um declínio substancial nos volumes de exportação, aproximadamente 440 mil bpd (-6,26%) quando comparados com mesmo período de 2023”, diz o analista.
Mesmo assim, o país está determinado a seguir essa po
lítica. Recentemente, em um esforço de mostrar seu comprometimento com a restrição de petróleo, o governo saudita orientou a estatal Saudi Aramco a interromper projetos de expansão da produção, o que limitará a capacidade de produção do país a 12 milhões de barris por dia (bpd), um milhão de bpd abaixo da meta estabelecida em 2020. A restrição de investimentos em capacidade afeta diretamente a percepção de capacidade ociosa do país.
Segundo Victor, “reduzindo o volume total passível de produção no futuro impacta diretamente o sentimento de risco com a possibilidade de interrupções no fornecimento, criando um cenário altista no longo prazo. Logo, a capacidade ociosa funciona como um importante driver do mercado e, com a recente decisão da Arábia Saudita, prevemos uma perspectiva um pouco mais altista para o futuro”, conclui.
Em resumo, a manutenção dos preços do petróleo acima de US$ 80 por barril na referência Brent tem sido o principal objetivo de curto prazo da OPEP+. A Arábia Saudita assumiu a liderança nesse processo, mas com o alto custo de suas exportações. O país já está trabalhando para estabelecer importantes fundamentos de longo prazo que poderiam criar um ambiente mais altista para o petróleo, como o abandono de sua meta de atingir uma capacidade de produção de 13 milhões de barris.
Com uma capacidade ociosa reduzida, o mundo estará menos preparado para enfrentar choques de fornecimento, um risco que se torna cada vez mais comum devido às tensões geopolíticas. E, ao que tudo indica, os membros da OPEC+ podem se beneficiar desse cenário, já que preços mais altos do petróleo são uma fonte importante de receita para seus orçamentos públicos.
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